Reaction GIFs
Olá, leitor! Que bom ter você de volta!
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| Fonte: https://tenor.com/pt-PT/view/paulo-gustavo-gif-21848845 |
Você acha que a imagem animada acima reitera ou contradiz as minhas boas vindas a você?
Provavelmente sua resposta é a primeira opção... e é isso mesmo. Mas como chegamos à essa conclusão?
Temos abordado por aqui, à luz da perspectiva pragmática, alguns fenômenos recentes das práticas comunicativas que vão além do conteúdo literal das palavras, envolvendo a interpretação das intenções do falante (com aprofundamento no que está implícito), o contexto da interação e os recursos disponíveis para a construção de sentido.
Com a intensificação das interações em ambientes digitais, marcadas pela ausência de pistas paralinguísticas tradicionais, recursos visuais como os GIFs de reação passaram a ocupar um espaço relevante nessas práticas comunicativas.
Quem nunca viu ou usou?...
Eles geralmente conseguem arrancar de nós um sorriso, quando não uma gargalhada, mas também podem validar emoções como raiva e indignação. Como usuária de mídias sociais, eu digo que muitas vezes eles comunicam melhor e de forma mais precisa uma determinada reação ou sentimento do que um texto escrito jamais faria. A meu ver, a máxima “Uma imagem vale mais que mil palavras” encaixa bem no tema desta postagem.
Pois bem…
Esses pequenos vídeos em looping funcionam como atos comunicativos que condensam reações emocionais, opiniões e posicionamentos sociais, exigindo do interlocutor uma competência inferencial ancorada tanto no conhecimento do código quanto no compartilhamento de referenciais culturais.
Os GIFs de reação podem ser compreendidos, então, como exemplos de linguagem multimodal que operam dentro de uma lógica pragmática, ou seja, sua interpretação depende da relação entre texto, imagem, contexto situacional e conhecimento compartilhado. Assim, seu uso envolve inferências, implicaturas e pressupostos culturais que sinalizam não apenas estados emocionais, mas também níveis de pertencimento a determinadas comunidades. Analisar esses elementos nos permite compreender como os usuários mobilizam esses recursos para realizar atos ilocucionários, construir identidades e negociar significados nas interações online.
Vamos começar pela definição….
Conforme conceitua Scott (2022), um GIF (Graphic Interchange Format - Formato de Intercâmbio de Gráfico) é uma silenciosa e curta mensagem animada, geralmente recortada de um fonte em vídeo que se reproduz em repetição contínua (looping).
Algumas observações importantes sobre GIFs:
São mais “curtidos” e repostados do que imagens, vídeos ou postagens em texto escrito;
GIFs que contém rostos promovem mais engajamento
Já sabemos que, no ambiente virtual, recursos gráficos como o GIF têm surgido e/ou sido aprimorados para acompanhar a dinamicidade das práticas comunicativas desse ambiente. A partir daqui, trago algumas observações sobre essa ferramenta gráfica animada, que tornou-se popular nas mídias sociais.
Algumas prováveis explicações para a popularidade dos GIFs apontadas por seus usuários são:
Chamam mais atenção pelo movimento
Requerem menos atenção e comprometimento do que vídeos
Por serem silenciosos, podem ser “assistidos” em qualquer lugar
Podem ser vistos por meio de vários dispositivos, sem a dependência de determinados sistemas operacionais ou softwares.
Ainda sobre essa popularidade, Scott (2022), explica que:
“GIFs de reação baseiam-se e fazem referência a mídias culturais, enquanto GIFs individuais ou particulares podem se tornar extremamente populares e fortemente associados a uma reação específica. Dessa forma, eles podem ser um atalho digital que não apenas expressa uma emoção ou reação, mas também demonstra o conhecimento cultural e o letramento digital do usuário” (SCOTT, 2022, p. 101) (Tradução minha).
Para ilustrar a variedade de interpretações que podem ser atribuídas a um GIF de reação, o autor cita como exemplo o GIF de Leonardo DiCaprio ao levantar uma taça de champagne em direção à câmera. Esta imagem por si só já permite que o usuário possa inferir algum significado. Contudo, a variedade de inferências tende a se ampliar, tendo hipóteses mais rebuscadas e contendo mais implicaturas para os usuários que reconhecem na imagem um trecho do filme “The Great Gatsby”, cujo personagem principal é interpretado por DiCaprio.
Além disso, a capacidade de fazer esse tipo de inferência pode sinalizar pertencimento a determinado grupo (Zappavigna, 2012, 1015, 1018, apud SCOTT, 2022). Essa afirmação é corroborada por Milter e Highfield (2017, apud SCOTT, 2022) quando estes afirmam que “um GIF de reação pode ser uma simples representação de um gesto ou expressão facial para alguns usuários, enquanto outros compreenderão uma alusão a certas referências culturais ou pontos de vista sociais e políticos”.
De acordo com Veszelszki (2015, apud SCOTT, 2022, p. 139-140), GIFs “expressam emoções de maneira mais intensa que os emoticons”. Com base nessa afirmação, montei o esquema abaixo para representar uma comparação entre emoticons e emojis e GIFs.
| Fonte: Canva, 2025 |
Em resumo, podemos observar que GIFs de reação são altamente sensíveis ao contexto (bem como também os emoticons e emojis) e sua interpretação pode variar. Haverá, portanto, uma troca de expectativas entre os usuários no que diz respeito ao contexto em que o GIF está sendo utilizado e as intenções do usuário que o postou.
E então… Qual seu tipo de GIF preferido?
REFERÊNCIAS:
SCOTT, Kate. Non-verbal communication online. In: SCOTT, Kate. Pragmatics online: language and digital media. Abingdon: Routledge, 2022. p. 82-107. Disponível em: https://padlet.com/giseldacostas/bibliografia-letramentos-e-multimodalidade-tbiem1st8pit/wish/KxJvagzRRRklWAg0. Acesso em: 11 abr. 2025.

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